segunda-feira, 26 de outubro de 2009

JCVD

Antes do 3º ato de JCVD, o filme é arrancado de sua esfera ficcional e o protagonista, o próprio Jean-Claude Van Damme, cai em prantos ao refletir sobre passagens de sua vida. Impossível ficar alheio ao sofrimento do sujeito, pela veemência com que realiza uma espécie de desabafo ante sua condição de astro de filmes de artes marciais em franca decadência, derrotado pelas drogas e por problemas de ordem pessoal. E o filme dá mostras dessa decadência logo na primeira tomada, num inteligente exercício de metalinguagem em que vemos um Van Damme sem fôlego para rodar uma cena de ação em sequência única. “Não consigo fazer mais isso, tenho 47 anos”, diz o ator a um diretor asiático que não dá a mínima.

O filme é um bem engendrado relato de passagens ficcionais baseadas em fatos reais da vida do ator belga. O magrebino Mabrouk El Mechri, diretor do longa, opta por uma narrativa fragmentada, ao trabalhar a história sob pontos de vista diferentes, o que foi muito bem recebido pela crítica especializada. A atuação de Jean Claude, também bastante elogiada, deixa de lado a pancadaria descerebrada e os clichezinhos típicos de filmes de artes marciais, elementos pelos quais o ator se tornou, durante anos, um sucesso comercial.

E é exatamente ao mostrar um lado mais humano que Van Damme se destaca nessa pseudoautobiografia, que surpreende não só pelas particularidades do roteiro, como também pela forma como nos é apresentado um ator que, ao longo de sua carreira, não ofereceu nada além de filmes rasteiros repletos de socos e pontapés.

Um comentário:

  1. Gosto de suas análises... crítica sintética e certeira. É bão de mais da conta, sô! Só não gosto de uma coisa: o fato de me deixar esperando, esperando, esperando mais um textim teu postado aqui, uai!
    Mas vou tolerar a correria da vida que nos toma tempo. Bom feriado!
    Nilson

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