quinta-feira, 5 de março de 2009

U-571

Bem versus mal?

O que mais incomoda neste U-571 é a tentativa de separar os homens bons dos homens maus. Creio que seria desnecessário apontar tantas virtudes dos aliados (leia-se, americanos) e tanta tirania do lado de lá. Não precisava ser assim. Com qualidade técnica invejável (vencedora do Oscar de melhor edição de som) e com um bom argumento, o filme acaba, entretanto, soando mais como uma grande mentira ao tentar retratar um episódio da II Guerra Mundial, a história da Enigma – a máquina de criptografia utilizada pelos alemães para comunicação sigilosa. Fatos históricos são deturpados em favor da construção do roteiro, que se sustenta, primordialmente, na qualidade técnica empregada.

O Tenente Tyler (Mathew Mcconaghey) é um competente oficial da marinha americana que pretende um dia ser comandante de submarino. No seu caminho, porém, está o Capitão Dahlgren (Bill Paxton) que rejeita o pedido do Tenente de comandar o submarino S-33. Mas a guerra não caminha para um lado positivo para os aliados, que decidem agir em missão ultra-secreta, mediante incursão perigosíssima, uma penetração estilo “cavalo de tróia”, para tentar por as mãos em uma Enigma, decifrando os códigos alemães, o que poderia mudar os rumos da guerra. É a chance que o Tenente tem para provar que é apto a ser comandante, uma vez que o Capitão morre durante a operação.

Mais uma vez estamos às voltas com o famigerado pretexto americano de que os aliados eram caras legais e gente fina, e os alemães a escória da humanidade. Não se trata de fazer uma apologia ao nazismo. O que deve ser levado em conta, nesses casos, é a questão de que é possível, sim, realizar um grande filme sem apelar para patriotismos exagerados e demonstrações de maldade extrema por parte dos inimigos. A cena em que os alemães fuzilam refugiados em um bote, por exemplo, é totalmente descartável. À parte desses equívocos, o diretor Jonathan Mostow, que também assina o roteiro, conseguiu realizar excelentes cenas de batalhas subaquáticas, que tornam o filme atraente para os apreciadores do gênero.

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