sexta-feira, 6 de março de 2009

Tempo de glória

Um épico grandioso

A Guerra da Secessão foi um dos episódios mais sangrentos da história dos Estados Unidos. Norte e sul, com interesses conflitantes, digladiam-se pela soberania daquela jovem nação. Avanços industriais e escravos eram os principais motes para o conflito armado.

Tempo de glória traz esse panorama conturbado, época em que os combates eram realizados em sua maioria no corpo a corpo, aumentando a brutalidade da guerra. Baseado em fatos verídicos, o filme traz a história do Coronel dos Estados da União Robert Gould Shaw (Matthew Broderick), jovem de família rica de Boston que é encarregado, pelos seus superiores, dentre os quais seu próprio pai, de comandar o 54º Regimento de Infantaria, naquele que viria a ser conhecido como o primeiro regimento composto por negros na história do exército americano. Coronel Shaw, em princípio relutante, decide abraçar a difícil missão, num contexto em que os negros eram considerados (pelos estados do sul) nada mais do que mercadorias, mas em contrapartida homens muito temidos pela bravura e pela força física. O novo regimento começa a enfrentar problemas, mas não com os inimigos sulistas e sim com aqueles que tentariam evitar a todo custo a organização de exércitos compostos por “pessoas de cor”, fazendo com que o moral dos soldados baixasse, já que ficavam apenas no recrutamento militar, sem previsão para entrarem em combates reais. Mas uma manobra de Shaw mudaria definitivamente a vida daqueles homens.

A competência de Edward Zwick na direção é evidente, e a película tem um nível de realização superior, com o máximo grau de realismo nas cenas de batalhas. Funciona como registro histórico, ao mesmo tempo em que se trata de um filme de guerra da melhor qualidade. Nesse gênero, aliás, os americanos são mesmo imbatíveis – pelo menos quando deixam o ufanismo e a pretensão exacerbada de lado –, pois dispõem de recursos para realizações desse vulto, contam com um time de atores de primeira linha e dominam técnicas de roteirização e direção que, por vezes, são imitadas mundo afora. A união dos negros, retratada na cena em que os soldados cantam em oração em torno de uma fogueira, horas antes de a maioria encontrar a morte na batalha pelo Forte Wagner, sequência final do filme, é uma cena forte, poética até, que espelha a honra e a força daqueles que seriam, a partir dali, figuras constantes nas forças armadas americanas.

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